Monday, 29 October 2012

Visita a tribo Himba na Namibia

Hoje lembrei de uma vista a Himba Tribe na Namíbia. Foi uma experiência conturbadora, impactante e que eu ainda não entendi muito bem. 

Mulher Himba enquanto prepara seu banho de fumaça
Em alguns países da Africa, muitas pessoas vivem sob outra lógica de existência. São famílias e mais famílias que cresceram em um ambiente onde as práticas sociais (comer, morar, casar, etc.) são diferentes das que conhecemos e, por isso, possuem outros conceitos  sobre o que é certo/errado, bonito/feio em cada uma dessas práticas. Hoje vivem um modo de vida de uma comunidade tribal, mas que convive diariamente com as influencias do contato com as sociedades urbanas. 

A Himba Tribe é um exemplo dessas comunidades. São aproximadamente 50.000 pessoas (em um país de 2 milhões), semi-nomades que ocupam o norte da Namibia. 

No passado, os Himba viviam sob a lógica deles e eram donos de suas terras, eram o povo do lugar. Hoje, as famílias que sobreviveram ao extermínio de 1904 (comandado pelo general alemão von Trotha), estão "alojadas" em fazendas que são propriedades de descendentes de colonizadores do país. A Aids e o alcoolismo são as principais causas de mortes e de doenças, mas entre os impactos mais fortes, está o abandono de filhos por pais que vão para a cidade ou morrem. 

Mulher mais velha. Na ausência do chefe, ela é a maior autoridade.
Há uma abismo entre o cotidiano da vida de um Himba e o cotidiano da vida de um alemão no século 19. São  necessidades e valores diferentes, que tornaram a convivência conflituosa. Para um Himba, não há necessidade de banho (as mulheres NUNCA tomam banho de água, e sim com uma fumaça), para um Himba, a mulher trabalha pesado e o homem pode ter várias mulheres (alguma semelhança?), para um Himba o filho vai viver no clã do pai quando nasce e tanto o menino quando a menina são circuncisados para casar. 

Esta visita foi a única vez que me senti mal durante todo o trajeto Africa do Sul até o Zimbábue. Não gostei de como é ela é feita: é meio agressiva, é muita gente invadindo a casa deles ao mesmo tempo. As mulheres que estão ali foram abandonadas, trabalham pra caramba e ainda tem que receber turistas curiosos tirando fotos. Os guias são locais da tribo, que aprenderam inglês.
Elas passam 3 dias fazendo "apliques" nos cabelos e depois cobrem com uma lama que também reveste o corpo.
Pq ele faz essa línguinha? Pra ficar mais gostoso??
Vida que segue por lá
Crianças Himba tentando entender meu cabelo... é muita química meu filho!
EU nunca vi nada parecido com o tipo de vida que vi na Himba Tribe... nem em 4 horas de barco pra dentro da Amazônia. Acho que é pelo deserto, pelo total isolamento das áreas rurais do interior da Namibia, pela baixa densidade populacional do país... ou tudo junto. Não sei, ainda estou tentando entender...

A experiência vale muito, principalmente para entender mais sobre a história do país. Vale também como mais uma aula de teoria da relatividade, que insiste em nos mostrar como esse mundo é grande, complexo e cheio de nuances. Não existe só um modo de ser, de viver, de amar. 

PS: Também visitamos os Bush men e os Herero. Temas de próximos posts.

PS2: Estou um pouco confusa ainda. Há uma corrente que defende a idéia de que a mixagem de culturas sempre esteve presente na história do mundo, e que isso é um caminho normal da humanidade. Mas ver aquele tanto de crianças órfãs de pais que morreram de doenças que foram trazidas do meio externo, me faz sentir uma vontade de protegê-los de toda e qualquer interação. 

Saturday, 27 October 2012

Dicas para um Safari na Africa

Buscando na internet, as principais dicas sobre Safaris são dadas por americanos e europeus, sendo os últimos o maior grupo de turistas que visita a Africa. 

Por isso, aqui vão algumas dicas de uma brasileira para outros brasileiros, no bom e velho português mesmo.

Tempo: se você gosta muuuuuito de animais, reserve mais tempo em um parque (uns 3 dias no mínimo), pois nem sempre no primeiro dia você consegue ver um leopardo. Agora, se você, como eu, vê uma família de leões e já fica feliz, 2 dias em um parque já está ótimo. Cada período do dia é reservado a um game drive**, ou seja, você tem a manhã, a tarde e noite para "caçar". Ps: só alguns parques oferecem night drive.

Época: é fundamental verificar a melhor época para ir a um parque! Ninguém quer gastar uma grana, viajar horas e não ver nada. Na maioria dos parques a melhor época é de maio-set (no inverno africano) quando os animais se sentem mais à vontade para sair durante o dia para caçar, beber água. No verão, eles ficam quietinhos (pq está um baita calor) e saem mais à noite. 

Roupas: sim, uma pessoa deve levar aquelas roupas beges de Safari. Eu pensava que aquilo era uma coisa de turista americano, mas não é não! Tem um sentido: as roupas com cores verde-musgo, bege, caqui são as que mais se parecem com a vegetação e te camuflam. O ideal do safari é que o animal não se assuste com você. Isso se aplica, principalmente aos "bush walks"**, onde você vai a pé ao encontro deles. Nessas caminhadas o guia nem deixa você ir com outras cores, pelo bem da vida dele. Mas assim, CLARO que não precisa gastar uma fortuna naqueles coletes beges com 10 mil bolsos (isso é sim coisa de turista americano), pode ser uma roupa nossa normal, só que nessas cores. 

Roupas verdes/beges, normais!
Cuidados com a saúde: Leve repelentes, de pele e de ambiente. Em alguns países há risco sério de malária (transmitida por um mosquito) e ela pode levar à morte. Obs: os repelentes de lá são mais fortes! Também para evitar picadas, leve calças compridas (de tecidos leves, pelo calor) e blusas de manga comprida para a noite. Há remédios (antimaláricos)que podem ser tomados que não evitam a doença se você for picado, mas diminuem a intensidade dela. Esses remédios são vendidos livremente na Africa do Sul por exemplo, mas também podem ser tomados no Brasil. Existem vários tipos, mas a maioria deve ser tomada com 2 semanas de antecedência a ida! O governo brasileiro disponibiliza este guia para entender melhor os antimaláricos. 

Guias: ir acompanhado de um bom guia é TUDO! Ele saberá dar atenção a todos do grupo, com suas diferentes curiosidades - uns gostam mais de pássaros, outros só de elefantes. Ele saberá muita informação sobre a vida animal, o porquê de todas as coisas. Ás vezes, não dá para escolher o guia, mas se puder, busque indicação. 

Luckson, do Moremi Crossing. 
Livros: como geralmente os guias falam inglês (a não ser que você saia do Brasil em uma excursão), às vezes você pode não entender todo o vocabulário da vida animal. Por isso existem uns livrinhos, de capa mole, que são só as fotos dos animais e os nomes em inglês. Para você não ficar boiando... porque "lion" é fácil, agora "warthog" nem tanto...

Binóculos: ele é INDISPENSÁVEL. A vida se abre quando você vê através de um binóculos! Existem modelos mais "tchan" e outros mais simples. Um básico minimamente bom já está valendo. É muito importante levar, pois alguns animais e detalhes deles você só pega como binóculos. Como nós tínhamos só um, usávamos o zoom da máquina fotográfica também. É uma opção precária, mas funciona.

Bom, fora isso, mantenha os olhos e ouvidos abertos. O silencio no game drive é fundamental!

**Mais informações sobre Safaris? Vej aqui:
 O que é um Safari na Africa?

Friday, 26 October 2012

O que é um Safari na Africa?

Quando comecei a planejar nossa temporada na África, o que mais queria era conhecer era a cultura dos povos, um dos temas que mais me interessa. Nunca tive uma genuína vontade de fazer um Safari. Mas... pesquisando sobre formas de viagem, vi que poderíamos também aproveitar as belezas dos parques nacionais. Não me arrependo nem um pouco!!

Aqui vai uma explicação básica sobre os Safaris:
  • Um Safari é um passeio típico do continente africano, geralmente feito por terra, com o objetivo de ver, entender e fotografar animais. 
  • É feito em carros 4x4 apropriados para as estradas de terra dos parques, com cores que tentam disfarçar o automóvel no meio da vegetação.
Um topico 4x4 de Safari: guia vai na frente explicando
  • É muito comum em países que possuem uma natureza e estruturas propícias para isso, como: Namíbia, Zambia, Botswana, Kenya e Africa do Sul. Para a prática do Safari, esses países contam com dois tipos de reservas: os National Parks/Reserves e as Private Reserves. As segundas são particulares e algumas delas destinadas à caça de verdade de animais (atividade lícita em alguns países).
  • Os National Parks geralmente oferecem grande estrutura dentro, como lodges (hotéis/pousadas), camping areas, lojinhas e restaurantes. A maioria oferece mais de um tipo de acomodação (com vários preços), permitindo ali famílias em chalés, casais em lua de mel e mochileiros. 
  • Os parques oferecem 3 principais saídas de Safaris (nos horários que os bichos saem para comer, beber água, caçar): manhã (5:00, 6:00), tarde (depois que o sol cai um pouco, tipo 15:30, 16:00) e noite (lá para as 19:00). Cada Safari desses dura umas 3 horas e custa um valor fixo que depende do parque (em torno de uns U$ 60 - alguns parques são mais caros!). 
  • Há também a possibilidade muito mais econômica: você mesmo ir de carro pelas estradas buscando os animais (ou seguindo um 4x4 do parque!). Esses são os são os chamados self drive safaris. Mas nem todo parque permite isso! 
  • Sub-derivações do tradicional Safari são os Flying Tours/Safaris e os Walking Safaris, mas esses merecem tópicos exclusivos!
Alguns termos do vocabulário Safari:
  • Game drive: o termo game é usado para caça de animais. Logo, um game drive é um passeio de carro para caça-los (claro que sem matar, só ver!). Outro ex: Game Reserve (propriedade particular de caça).
  • Bush: tudo que for relacionado ao mato, à moita (bush walk/bush drive/bush men)
  • Bird watch: passeios só para olhar/entender os pássaros. São feitos com guias especializados.
  • Além de todos as palavras em inglês relacionadas a animais/natureza: pride, horn, grasslands, swamp..
Como existe Safari em várias regiões da Africa, veja neste post como começar a definir a sua região!

Etosha National Park: 5 motivos para ir!

Entre as várias opções para se viver a experiência de um Safari, há o Etosha National Park, na Namíbia.

No entanto, muito diferente de outros parques nacionais, como o Kruger (Africa do Sul) e o Chobe (Botswana), o Etosha oferece aos "humanos" um contato direto com a vida natural. Eu, particularmente, guardo um carinho especial pelo Etosha, pelos seguintes motivos:

1. O Etosha é GIGANTE e LONGE de TUDO! 
Com essa grande quantidade de terra livre, os animais vivem por lá como se os humanos não estivessem ali. No Etosha, você não vai a um "zoologico", você visita a casa deles, é diferente. Por isso, não há garantias que vc verá os BIG FIVE. Você só verá um leão se ele der o ar da graça na sua frente. Afinal, ele não está ali por você... é a casa dele.
Travessia dos Springboks: cena costante no Etosha
Debaixo do sol quente, o "waterhole" é onde a galera se encontra para se refrescar.
Eu não quero brincar! Me deixa em paz!
2. No Etosha há liberdade de transportes
Em outros parques como Chobe por exemplo, você TEM que fazer o "game drive" (passeio em busca dos animais) nos carros das empresas de Safari, e pagar por isso, claro.  Já no Etosha, você pode fazer o que eles chamam de "self-drive safari", respeitando algumas regras do parque. Isso torna o parque mais econômico e agradável, pois se você estiver hospedado em um dos lodges, pode levar o tempo que quiser nas estradas. 
4x4 e detalhe para o relógio: uma das regras é voltar para o lodge até o sunset
Livre circulação das leoas.
3. No Etosha você vê MUITOS animais, mas MUITOS! 
Isso se deve ao clima da região. Por ser muito seco (quase desértico) os animais precisam se concentrar nos chamados waterholes para beber um pouco d'agua e sobreviver. Além disso, como a reserva é bem natural, eles se reproduzem com certa liberdade e não há grandes problemas de superpopulação como no Chobe (onde a quantidade de Elefantes está ficando incontrolável).
Existem waterholes naturais e os construídos pelo parque para atrair os animais. 
4. A estrutura dos Lodges são ótimas! 
Nos hospedamos nos dois principais complexos: Okaukeujo e Halali.  Desde a opção camping até as acomodações de luxo, o Etosha oferecia uma infra estrutura muito boa! Estradas e caminhos sinalizados, limpo, cozinhas coletivas boas, quartos ótimos, um mini-mercado dentro e um centro de turismo. Para quem está por conta própria ou acampando isso faz muita diferença! 
Chalés do complexo Okaukeujo
Quarto do complexo Halali 
Mapa do parque: os principais lodges são Okaukeujo, Halali e Namutoni



5. O parque fica na Namibia!!! 
E isso te permite explorar outras regiões lindas, como o Deserto da Namíbia (Soussusvlei) , o litoral e as tribos Himba e Herero do norte do país. Sem falar no Okavango Delta que é em Botswana, mas que fica perto da fronteira com a Namibia. Além disso tudo, Namibia é um país estável, com boa infra-estrutra (vôos e estradas) e muitas opções de atividades para os turistas. 


Bom, dizem que os parques da Zambia e da Tanzânia são absurdamente bons também, mas no sul da Africa fica a dica: Etosha National Park. 

Thursday, 25 October 2012

Tuk-tuk: um transporte peculiar da India



Mais comum do que eu pensava, os Tuk-Tuks estão por todos os lugares! É uma forma de "taxi" que pode ser usado como meio coletivo também.

Nos Tuk-Tuks tudo pode: pode negociar preço, pode andar sozinho, pode deixar entrar mais gente, pode carregar 1, 2, 3, 4, 5 + o motorista, pode ir com compras, pode pedir pra dar uma paradinha pra vc ir no banco, enfim… vale quase tudo!
Detalhe para os pés: não há obrigação nem necessidade de chinelos. A buzina lateral dá um charme.
O tuc-tuc é aberto, não há vidros que te separam da rua. Os motoristas bebem coisas (que eu não consegui definir o que são), quase sempre estao em condições calamitosas e seguem a lei de transito da India… cada um por si e Deus por todos!

Uma das coisas mais curiosas dos Tuk-Tuk é que às vezes (leia-se: várias vezes) o motorista NÃO QUER te levar para seu destino. Como os carros são meio precários, muitas vezes o cara não se arrisca a ir a um lugar tão longe, mesmo a corrida sendo boa.    

     
Por falar em preço, vale lembrar: o valor da corrida deve ser acordado antes de subir! Como turistas, vamos ouvir sempre um preço exorbitante, mas ainda assim é MUITO barato! Fiz corridas de 40 minutos por uns R$ 10,00. Vale negociar, e eles não se assutam. Dizem que o justo são 10 rúpias por  km rodado. Ou seja, R$ 0,40 por km.

Uma dica super importante sobre o Tuk-Tuk: muitos motoristas não falam NADA de inglês. Para facilitar sua vida, vá com nome do local escrito + nome do bairro + mapa+ uma referencia perto. A comunicação indireta é uma peça chave na India!


De resto, vale a diversão de um transporte bem local, a um preço baratissimo que te deixa em conexão direta com o mundo lá fora!

Ps: eu adoro andar de tuc-tuc!!! Vou tentando conversar com os caras,  é como se tivesse um motorista particular e, sem o vidro, ainda possos tirar varias fotos legais! Mas há quem não goste… por ser tipo, um risco de vida. :-)

Eles levam nomes e dizeres pintados. Vidro?  Pra quê? A graça é o vento no rosto!
Um beijo, Lo

Wednesday, 24 October 2012

Regiões da África: escolhendo por onde começar


Fonte: www.informationisbeautiful.net/2010/the-true-size-of-africa/
Como a gente sabe, a África é gigante. Mas é taaão gigante que seu tamanho comportaria a India, a China, os EUA e vários países da Europa dentro! 

Isso significa que não há como generalizar a África... são 54 países, ecossistemas que vão do deserto a floresta tropical, MILHARES de línguas diferentes e distâncias absurdas. 

Por isso, na hora de viajar, vale a pena entender qual região da África vou enfocar?

Muito da nossa decisão pode ser basear na viabilidade. Alguns países são menos acessíveis e, por isso, também mais caros e mais trabalhosos de chegar.  Para entender melhor o continente vale dar uma olhada neste mapa:


Os países que formam essas regiões foram agrupados pois apresentam características físicas parecidas. Muitas vezes, os povos também possuem raízes em uma mesma origem étnica e forte história de relações entre eles.
Considerando o continente como um todo, algumas dicas podem facilitar sua escolha de região:

Alguns lugares são melhores em certas épocas:
  • O norte árido pode ser evitado no verão: o calor chega a 45 graus com ventos fortes e secos. 
  • As Savanas são melhores no inverno (mai a set), quando é mais frio e os animais caminham mais pra lá e pra cá.

Escolha da região com base no vôo:
  • Se vc está na Europa, os vôos para o Norte da Africa podem ser baratos. Espanha para Marrocos, pode sair por 100,00 euros ida e volta. E se for só Marraquesh, pode ser feita em 3 dias. Ou seja, pode ser a esticada de uma ida à Europa. 
  • Saindo do Brasil, A Tap e a South African Airways  tem vôos diretos para Johanesburgo que às vezes entram em promoção. De lá, saem várias companhias low cost Kulula e Mango e também as convencionais Air Namibia, Air Botswana, British Airways.
  • A ideia é buscar os lugares que tenham conexões diretas com o país que você quer visitar - geralmente o país colonizador tem a sua empresa que faz vôo direto. Ex: Air France - Costa do Marfin. Isso, geralmente, torna o vôo mais barato e menos cansativo. 
  • Se não for possível, tente chegar em algum lugar da Africa e de lá fazer as conexões através de uma cia local, tipo low cost. 

Orçamento:
  • Alguns lugares da Africa são simplesmente mais baratos que outros! Os países com maior infra estrutura de transporte tendem a ser mais baratos. Nos lugares com poucas opções, os serviços são absurdamente caros. No Zimbábwe, por exemplo, qualquer atração não sai por menos de 100 dólares! Isso sem falar nos hóteis, refeições...

A dificuldade da língua:
  • Visitar a Africa do Sul onde quase todo mundo fala inglês tende a ser mais fácil (para o viajante independente) que ir ao interior do Congo, colonizado pelos belgas e com umas dezenas de línguas locais. 
  • Isso não chega a ser uma barreira e, inclusive, forma um pouco da magia de viajar para esses lugares. Mas não é como ir a Alemanha, onde você pode não falar NADA de alemão mas se vira com setas, mapas, placas... 

Por último, claro.. vem a decisão pelo sonho.. sonho de conhecer um lugar, uma gente, uma cultura. 

Friday, 19 October 2012

Formas de viajar pela África

Pessoal, como a Africa é gigante e minha pesquisa/experiência só permitiu conhecer uma parte, vou me concentrar nos países da região central para baixo, ok?

Existem várias formas de rodar por aqui:

- Truck Tours (excursão em um caminhão adaptado para ser um ônibus)
- Carro alugado (4x4 ou convencional)
- Flyng Tours (vc aluga um monomotor por alguns dias, sozinho ou com mais pessoas)
- Ônibus (de excursão)

Truck Tours

Truck da Nomad parando na estrada para um pit-stop básico de emergência

Também conhecido como Overland Tour, essa é uma opção típica da Africa, muito interessante e geralmente frequentada por jovens. 

Consiste em um roteiro feito em grupo em um "caminhão - tipo ônibus" que vai percorrendo as estradas de um ou mais países. O caminhão é enorme e muito bem adaptado para receber umas 25 pessoas. Possui armários com cofres (pra guardar mochila), auto falantes, bancos confortáveis, cooler para armazenar bebidas... Existem tours de 1 semana a 1 ano!
Parte das refeições são feitas nos trucks e parte em restaurantes (se a cidade tiver - em muitos lugares não há nada!). O grupo segue horários propostos pelo guia e que geralmente são acordados no dia anterior com o grupo.
Esse tipo de transporte é ótimo para conhecer o interior, as entranhas dos países. É um privilégio poder percorrer as estradas da Namibia e ver pela janela a vida como ela é.


Só que existem, principalmente, 2 tipos truck tours e isso faz MUITA diferença: os "camping tours" e os "acommodeted tours". 


Nos "camping tours", como o nome diz, vc acampa. Além de montar e desmontar a barraca praticamente TODOS os dias, vc conta com 2 pessoas de staff (motorista e o guia). Por isso, o grupo segue uma programação de rodízio de atividades diárias (lavar a louça, guardar material...), onde a cada um é designado a sua "escala". Como este pacote é mais barato que o "acommodated tour", geralmente é ocupado por mais gente. Isso também faz muita diferença, pois em alguns lugares as paisagens e animais são vistos da janela - com 25 pessoas no ônibus, nem todo mundo consegue ver o leão lá fora.


Nos "acommodated tours" vc faz o mesmo roteiro pelas estradas, mas se hospeda em pousadas/hoteis. É um tour um pouco mais caro e menos cheio. Os ônibus contam com 3 funcionários (1 a mais para ajudar o guia nas tarefas cotidianas). Os hotéis e pousadas podem ser bons ou não e muitas vezes são os únicos que existem na cidadezinha no meio de Botswana. As comidas não são mais luxousas que as do camping tours, são praticamente as mesmas. Em algumas empresas, os guias que fazem o acommodated tour são aqueles que ganharam uma promoção, baseada em feedback dos clientes. A idéia é que se vc mandou bem, não precisa mais ser guia de camping tour!

Obs: Nem toda empresa oferece acommodated tour!
Prós: tranquilidade de uma excursão com a flexibilidade de entrar nos lugarejos do interior de um país. 

Contras: rigor nos horários, cansativo (muuuitos km de estrada diariamente: 150 a 600 km) - não adequado para crianças e idosos e, claro, requer uma sorte com o grupo. 




Esse tema merece um tópico só dele! Tem os family tours, as indicações sobre empresas, as atividades extras que rolam durante a viagem...


Carro Alugado (4x4 e convencional)

Em alguns parques os 4x4 podem entrar e andar sossegados (ou quase).

Muito explorado por europeus e, principalmente, por famílias. O cara chega no aeroporto, já vai ao balcão, pega o carro e põe a tropa toda lá dentro!

Com o 4x4 vc roda tranquilamente muitas das estradas de terra, pode entrar nos desertos e fica em uma posição no alto quando vai aos parques que permitem self-drive safari.  Alguns dos 4x4 podem acomodar uma barraca em cima. Dependendo do país, as estradas são muito boas e bem sinalizadas.

Em termos de segurança, se vc tomar os cuidados básicos: não viajar à noite, trancar carro quando for almoçar e etc, é uma opção bem segura. Pelo que vi e pela busca nos aeroportos por carros 4x4, não pareceu ser perigoso. 

Já o carro convencional é perfeito para rodar países que as principais atrações são em cidades, como a Africa do Sul. As estradas são lindas, puro romance!

Prós: Liberdade de roteiro e horários, conforto para as crianças. 
Contras: Preço (no caso do 4x4), cansaço para quem dirige e possibilidade de problema mecânico na estrada.

Flying Tours

Scenic Flight no Okavango Delta - Botswana
Opção mais cara de todas! Consiste no aluguel de um monomotor (e um piloto) para montar um roteiro exclusivamente seu. Junto com o preço vem as vistas privilegiadas e o conforto de não passar 7 horas na estrada. 
Os pacotes são acompanhados de hoteis/lodges luxuosos e alimentação idem. Podem ser fretados exclusivamente ou vc pode entrar em um grupo que também quer um flying tour. Dependendo da cia, os aviões são maiores ou menores - quanto menor, mais caro e flexível. 

Uma opção intermediária são os Scenic Flights. Vc fecha um pacote de 1 dia em uma localidade específica: no Soussusvlei (deserto da Namibia), por ex. Não deixa de ser caro (torno de U$ 200/dia), mas pode ser uma experiência inesquecível ver a imensidão das dunas de cima e poder parar em lugares que o carro não chega. 

Prós: flexibilidade, conforto de não pegar longas estradas e acesso a lugares exclusivos. 
Contra: vc perde boa parte da vida que acontece lá embaixo e o preço.


Ônibus de excursão

Um clássico: vc fecha um pacote no Brasil e chegando lá segue o roteiro da operadora. Os dias são programados de forma que vc fique baseado em uma cidade média/grande e esses ônibus fazem trajetos curtos de bate-volta de 1 dia até a atração. 

Prós: Zero preocupação. Vc só tem que  estar no horário certo no saguão do hotel. Geralmente, são coordenados por guias que falam português.
Contras: Horários/roteiros fixos e multidão ao chegar nos lugares. Em uma excursão vc não pode parar numa estrada pra comprar uma fruta diferente nem pode entrar numa cidadezinha que vc leu no mapa  - o que na África é um pecado! 

Opções: CVC, Marsans, etc

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Bom, existe uma 5a forma de viajar: usando o transporte público local (vôo + ônibus/van/trem do país). Como vc está na Africa e MUITOS dos lugares só falam dialetos locais, eu não recomendaria. Se o seu nível de aventura é EXTREMO, ok, go ahead!

Sunday, 14 October 2012

Africa: as regras do jogo

Pessoal,  a primeira conclusão da minha pequena experiência foi: Viajar na Africa NÃO É FACIL E NEM BARATO! 

Não tem como ir a alguns países da Africa acreditando que se locomover vai ser tão fácil como pegar um trem de Paris a Versailles. Não, não é...  As estradas podem ser de terra, as pessoas tentam te extorquir, os mosquitos da Malária podem te infernizar a noite toda e nas cidades menores (leia-se: quase TODAS) não há abundância de produtos e serviços. Muitas vezes não vai entender o sotaque do inglês misturado com o dialeto deles. 

Vimos furtos, precisamos deixar nossas coisas trancadas e vigiadas, além de estar sempre de olho nos bolsos. Até aí tranquilo, né? Pq nós brasileiros sabemos muito bem o que é ficar ligado o tempo todo... 

O fato é que na Africa vc não pode esperar os "padrões" brasileiros de serviço. Na hora de uma situação mais "local" o povo daqui lança mão uma frase que explica tudo: TIA - This Is Africa.




Mas o que dificulta a vinda mesmo é o preço! Pela pouca abundância de serviços, tudo é relativamente caro para turistas. As poucas cias aéreas metem a mão nos preços, além dos hotéis que colocam tarifas "ideais" para seu maior público: os europeus.

Felizmente, existem varias formas de baratear sua viagem:

1. Planeje com antecedência: (é clichê, mas nesse caso é mais verdade ainda...)
  • Existem poucas cias aéreas que oferecem Brasil-Africa. Vôos diretos então, menos ainda.  Se vc conseguir pegar uma promo, faz muita diferença.  
  • As principais  são  South Africa Airways (Africa do Sul, Namibia, Botswana, Congo, etc.)    e TAP (Angola, Moçanbique, Gana). 
2. Flexibilize seu jeito de viajar: sua maior economia será aqui !!!
  • Existem várias formas de sair andando pela Africa: avião de cia grande, aviões fretados (flying tours), carro 4x4 alugado, ônibus, excusão, sozinho, em família com criança, enfim.. Não deixe que o custo do pacote que te ofereceram impossibilite seu sonho: flexibilize, experimente o novo! Talvez essa seja a hora de experimentar aquele barraca de acampamento que vc jurava que nunca iria entrar...  (veja aqui quais são as possibilidades de viagem)
  • Pelas distâncias internas e pela pouca oferta transportes públicos viajar pelo continente precisa ser MUITO PLANEJADO, para evitar maiores gastos de emergência. Mesmo assim, os flying tours, por exemplo, sempre serão caros: comprando 1 ano antes ou quando chegar lá...
3. Deixe para comprar "souvernirs" nos produtores locais:
  • Se voce vai a mais de um país ou vai andar pelo interior de algum, é muito provável que vc passe por onde os artesanatos são feitos, espere. Não dê o mole de gastar R$ 170,00 numa girafa enorme de madeira se você pode comprar lá na frente por R$ 50,00 e ainda ajudar o cara que faz (sim, eu to levando uma pra minha sala!). 
4. Barganhe, sempre.
  • Os vendedores, especialmente nos "open markets" (feirinhas), são muito abertos à pechincha: até curtem! Acho que se vc sair comprando sem pedir um desconto, ele até goste da venda em si, mas não se divertiu. Os preços podem chegar a 1/3 do preço que ele começou! Faça uma cara de desistência no primeiro preço e pronto... ele já oferece outro. O mesmo se aplica a hotéis menores e compra de coisas na rua...bebidas no transito, etc.
De resto é o de sempre.. troque grandes quantidades de $ de uma vez (ou use um cartão pré-pago), busque dividir carros alugados, etc. 

Abrindo o coração, mantendo uma mente positiva e flexibilizando seus padrões de viagem, a Africa pode ser a melhor experiência que vc já viveu! 

Africa: Expect the Unexpected