Wednesday, 7 November 2012

8 (ótimas) coisas para se fazer em Cape Town

Cape Town é uma cidade bonita, limpa, segura e que vale, com certeza, uma visita de alguns dias. 

Mesmo exibindo feridas do Aparthaeid (regime político que dominou a Africa do Sul entre 1948 e 1994) o visitante consegue ver e sentir mais do que os conflitos por poder. Por trás há uma cidade linda, cheia de belezas naturais e um exemplo de preparação para a Copa do Mundo.   Em 1 mês por lá eu não senti em nenhum momento insegurança, muito menos algum tipo de discriminação (explícita). 

Cape Town é colorida, agradável, com uma culinária variadíssima e relativamente BARATA! :))

Aqui vão 8 ótimas atrações de Cape Town:

1. Roben Island Museum
Com certeza um dos lugares mais ricos e emblemáticos da Africa do Sul!
Roben Island é uma ilha a meia hora de barco de Cape Town usada há muitos séculos como prisão. Desde que os  holandeses ocuparam a região e depois com a chegada dos ingleses, a ilha foi a prisão para chefes de tribos africanas que eram contra a colonização, ladrões e qualquer outro tipo de rebelde. No entanto, foi durante o Apartheid que ela ficou mais famosa. Para cá foram levados vários dos principais presos políticos do regime, entre eles Nelson Mandela, que ali passou 18 anos preso e escreveu seu principal livro/manifesto "The Long Walk to Freedom". Hoje a ilha é um museu a céu aberto que oferece tours guiados por ex presos políticos. É meio carinho (R$50), mas vale MUITO a pena, pra conhecer um pouco da história da Africa e do mundo!

Ex preso da Roben Island explicando dentro de uma das celas como funcionava o regime de segurança máxima
Durante o Apartheid até os presos tinham tratamento diferenciado pela cor. Os mestiços e asiáticos recebiam uma refeição melhor e maior que os negros.
Fica a dica: 
1. Compre o ingresso com antecedência pelo site! Não tem ingresso para tipo, amanhã.
2. Se puder leia um pouco sobre o Apartheid antes de ir. No tour eles falam muito rápido sobre muitos detalhes do regime, então as vezes eu ficava meio "boiando". Mas dá para pegar grande parte.
Para programação e compra dos tickets: www.robben-island.org.za/


2. Table Mountain
Símbolo da cidade e uma das maiores belezas naturais do mundo, a Table Mountain é um parque lindo e muito bem cuidado, como muitas coisas na Africa do Sul. É, de verdade, imperdível. Mas atenção: não abre todos os dias - depende das condições climáticas para subir, mas lá de baixo você consegue ter uma idéia se o tempo está bom. O teleférico até o topo da montanha é um luxo (roda para que todos possam ver as paisagens) e o restaurante é uma daquelas coisas que você pensa: Por que meu Deus, não temos as coisas assim nos parques do Brasil???  Enfim, vale a fila e o ingresso!
Para acompanhar os dias de funcionamento: http://tablemountain.net/

Table Mountain vista de baixo.
Uma das vistas das vaaarias trilhas do parque. Lá de cima dá para ver as enseadas da cidade
3. V&A Waterfront
O Victoria & Alfred Waterfront é uma beleza! É a antiga zona portuária da cidade, onde chegavam navios ingleses, onde havia mercados de abastecimento e etc. Hoje é um complexo gigante de hotéis, lojas, feiras de artesanato, bares e, principalmente, restaurantes! Ficar hospedado próximo ao V&A é caro, pois ali você encontra de tudo: bancos, souvenirs e transporte para qualquer lugar. É do V&A que saem os barcos para a Roben Island e os que fazem passeios para ver pinguins, baleias, tubarões e etc.
V&A no entardecer. Fonte:capetownlive.com
Fica a dica: 
Se você não é vegetariano, experimente um dos restaurantes de carnes do V&A! Lá estão alguns dos melhores e os preços não são caros para o que oferecem: caças dos mais variados tipos de animais africanos - Springbok e Kudu são alguns dos tradicionais.  Sugestão: City Grill.
Horários das ferinhas: www.waterfront.co.za

4. Museu do Sexto Distrito
Um museu muito específico de Cape Town é o museu do Sexto Distrito (District Six museum). É um local de preservação de um episódio marcante da história da África do Sul: quando um bairro inteiro (o Sexto Distrito) foi desocupado por estar em uma área não destinada a negros (white-only area). Toda a população foi retirada e levada para áreas mais afastadas, conhecidas como townships. Não é um museu grande, nem possui uma mega estrutura como um museu europeu, mas é interessante.
Na esquerda os nomes das ruas do antigo bairro

5. Company Gardens
Localizado no centro da cidade a céu aberto esse parque público conta uma parte importante da história de Cape Town: era uma fazenda de plantações para abastecimento dos navios holandeses que paravam ali, daí o nome Jardins da Companhia (Companhia Holandesa das Índias Orientais). Ao redor, estão alguns dos museus da cidade, como o Slave Lodge, que conta o passado de escravos asiáticos e negros durante o período colonial.
Tarde de sábado no Companys Gardens
Alegria sulafricana: meninas se apresentando no centro.

6. Constantia Valley
Esta linda região é aonde ainda existem algumas das vinícolas dentro da cidade. Para quem não vai ficar muitos dias em Cape Town, é perfeita para conhecer um pouquinho da fortíssima tradição de vinho no sul da África. Em Constantia há poucas vinícolas, mas a maioria oferece tour ou degustação. Como está dentro da cidade, é uma forma barata de curtir o clima rural do interior e voltar pro hotel meio altinho. :)
Uma das vistas do restaurante da vinícola Constantia Groot 
Vista da Beau Constantia, uma vinícola boutique. 
Fica a dica: 
1. Se você for ficar poucos dias na cidade e não tiver de excursão vale a pena pegar aquele ônibus vermelho (City Sightseeing). O ticket de dois dias te leva a todos os lugares interessantes da cidade e inclui um mini-passeio de barco e um transporte até 3 das vinícolas de Constantia.
2. Recomendo: vinícola Groot Constantia. A degustação custa tipo R$ 4,00, o lugar é lindo e tem OTIMO restaurante. Nossa, perfeito.
Outras vinícolas e horários: www.constantiavalley.com/

7. Camps Bay
É a praia mais famosa da cidade. Não é a de surfistas nem de mega hotéis. É uma praia agradável e que tem vida de dia (quando há sol) e de noite, quando os restaurantes da orla enchem. Vale a pena para almoço, para um jantar ou para curtir a praia mesmo.
Camps Bay em um dia nublado, mas ótimo para dar uma caminhada e depois um jantarzinho
Fica a dica: 
De dia, você pode chegar a Camps Bay de van, um transporte muito, muito local de Cape Town (e que merece um post). É divertido, ridiculamente barato (tipo R$ 0,40) e você vai vendo a linda paisagem.

8. Old Biscuit Market
Esse é um mercado de comidas e lojinhas descoladas que funciona aos sábados (até umas 15:00). É uma super atração de Cape Town ainda pouco conhecida dos turistas. Fica em um bairro "alternativo", de galerias, artistas, sebos e brechós. No sábado, o mercado abre para exposição de produtores do interior da região do cabo que trazem suas geléias, cervejas artesanais, massas, doces, vinhos, embutidos, carnes... enfim, é perfeito pra quem gosta de explorar os sabores locais.
Endereço e horários: theoldbiscuitmill.co.za/

Existem muitas ótimas coisas para se fazer em Cape Town, mais quis fazer um resumo daquelas que mais gostei. Um outro "must do" em Cape Town é explorar os bairros a pé. Mas isso é uma outra conversa!

Estando hospedado em Cape Town você também pode fazer passeios curtos de 1 ou 2 dias na região do Western Cape, como o Cape Point.

Veja aqui:
Cape Point: passeio imperdível a 2 horas de Cape Town

Saturday, 3 November 2012

Cape Point: Passeio imperdível a 2 horas de Cape Town

  
Toda a região do Cape Point
Um dos lugares que mais gosto em Cape Town é o Cape Point. Um misto de história e natureza que é visita obrigatória para quem está passando pela cidade por mais de 3 dias!

O Cape Point é uma região que fica ao sul de Cape Town, dentro da área administrativa chamada Peninsula. A parte mais ao sul foi transformada em parque, o Cape of Good Hope National Reserve, que por sua vez faz parte do Table Mountain National Park.

A pontinha de terra mais ao sul é o famoso Cabo da Boa Esperança, que o navegador português Bartolomeu Dias avistou em 1488. Reza a lenda que antes de ter esse nome, foi chamado de Cabo das Tormentas por ele, já que sua tripulação só avistou a terra depois de vários dias de uma  forte tempestade. 

Mas a visita ao Cape Point não é só chegar ao Cape of Good Hope. É com certeza o caminho por uma estrada DESLUMBRANTE, que vai margeando a costa. 

Algumas sugestões para uma viagem ao Cape Point:

1. Alugue um carro! A viagem em si é muito linda para ser vista do ônibus de uma excusão! Existem vários pacotes oferecidos em Cape Town, mas o preço do aluguel de um carro na Africa do Sul compensa muito! Atenção: se puder alugue um carro automático, um GPS e treine antes de ir! A Africa do Sul dirige na mão inglesa e isso te confunde na primeira hora. Verifique as condições do tempo antes alugar. Se o dia estiver ventando muito não sei se vale a pena ir. Como é um lugar totalmente aberto e sem refúgio de baía nenhuma, normalmente já venta muito... Como eu estava passando 1 mês em Cape Town, escolhi um dia bonito para o passeio. Se puder escolher... 

Ida para o Cape Point
Volta para Cape Town
2. No caminho existem várias praias lindas. A famosa praia dos pinguins (Simons Town) é lá e outras mini enseadas também. Vale um almoço em alguma delas. A estrada até lá é recheada de surpresas: restaurantes, lojinhas, macacos cruzando a estrada, casinhas de sonho...
Penguin Colony em Simons Town

3. Vista roupas de caminhada. O parque é cheio de trilhas para explorar. A maioria é muito tranquila de subir, e de lá de cima a vista é linda. É mais um daqueles lugares da África onde você se sente muito próximo da Terra, da origem de tudo. 

Vista de cima de uma das trilhas do Cape of Good Hope
4. Vá cedo! A estrada até chegar lá, com calma, leva umas 2 horas. Se você parar para almoçar leva mais ainda. Algumas atrações do parque fecham às 17:00 (farol, teleférico, lanchonete, lojinhas etc). Então, aproveite o máximo lá dentro.

A placa informa o horário máximo para saída. O horário do pôr do sol.

Cape of Good Hope

Principais atrações: Cabo da Boa Esperança (o marco), Visitors Centre, os Faróis, caminhadas, observação de baleias, animais que vivem no parque.
Preço: 90 Rands (+- R$ 20)
Horário de entrada: de 8:00 às 17:00
Restaurante Two Oceans: 9:30 às 17:00

Thursday, 1 November 2012

Comida Indiana: o básico

Se assim como eu você não está plenamente acostumado com a culinária indiana, aqui vai um help:

   Moço, me vê esse  segundo aí que tá escrito chicken. 
Visão geral

  • Todo mundo sabe: a comida indiana é apimentada. Mas não é só de pimenta que se vive por aqui! Como essa é a terra das especiarias, também são usados temperos como o gengibre, nós moscada canela, cominho, cardamomo e raiz forte. Isso faz com que mesmo os pratos sem pimenta tenham sabores muito fortes. 
  • Se o garçon falar pra você que não é apimentado, desconfie... deve ser levemente apimentado!
  • Grande parte da população é vegetariana. Por isso sempre aparecem opções: veg e non veg nos cardápio. Para o vegetariano, a India é uma festa! Váaarios pratos gostosos e que não levam carne. 
  • É uma culinária milenar: algumas receitas que comemos hoje aparecem em documentos escritos há 3.000 anos!
  • Assim como no Brasil, as opções variam bastante de região para região, em especial do norte para o sul. O sul tende a ser mais apimentado e o norte tem pratos influenciados pela culinária chinesa, tibetana...
  • A comida é parte fundamental da cultura indiana. Está em todos os festivais de musica e tem tradições e significados. Alguns pratos devem ser preparados em dias específicos ou feriados. Outro dia foi o feriado Dushera, onde a Badam Kheer (uma bebida gelada de amêndoas e leite) é servida nas festas de rua.
  • Aliás, lembrando que aqui a vaca é sagrada, pratos de carne de boi são encontrados em poucos lugares. O frango é a opção mais comum. 

Como eu senti dificuldade também, aqui vão alguns itens básicos que aparecem quase sempre nos cardápios:


  • Thali - uma seleção varios pratos servido em uma travessa redonda. É tipo um prato feito. Vc pode variar o principal (Chicken Thali, por ex) e os acompanhamentos dependem da região.
  • Chapati / Roti - pão indiano fino que pode ser usado tanto com doces (geléia, mel) como com molhos salgados.
  • Naan - pão também, mas é mais fofo e acompanha pratos salgados. 
  • Channa - grão de bico (com caldo, tipo um feijão)
  • Dahal - uma sopa feita de varios grãos (lentilha, grão de bico, feijão). Servida no início de uma refeição.
  • Masala - é uma combinação de especiarias que forma um pó apimentado. Se vc ler masala ao lado do prato, já sabe: pimenta! Com base no pó massala é feito um molho com iogurte, agua, óleo. Ex: Chicken Masala.
  • Subji - basicamente... um ensopadinho de legumes! :)
  • Curd / Yogurt - acompanha alguns pratos e é ótimo para suavizar a pimenta.
  • Paneer - queijo indiano (tipo um queijo minas) que pode vir puro ou como parte de outros pratos. Ex: Palak Paneer (creme de espinafre com cubos de queijo mergulhados).
  • Chai / Tea: o chá é super comum por aqui. Pode ser aquele comum mesmo de saquinho (plain chai), ou o Masala Cha (apimentado), servido com leite. 
Em breve conto um pouco dos pratos principais comuns por aqui..  são MUITOS! :) 

Monday, 29 October 2012

Visita a tribo Himba na Namibia

Hoje lembrei de uma vista a Himba Tribe na Namíbia. Foi uma experiência conturbadora, impactante e que eu ainda não entendi muito bem. 

Mulher Himba enquanto prepara seu banho de fumaça
Em alguns países da Africa, muitas pessoas vivem sob outra lógica de existência. São famílias e mais famílias que cresceram em um ambiente onde as práticas sociais (comer, morar, casar, etc.) são diferentes das que conhecemos e, por isso, possuem outros conceitos  sobre o que é certo/errado, bonito/feio em cada uma dessas práticas. Hoje vivem um modo de vida de uma comunidade tribal, mas que convive diariamente com as influencias do contato com as sociedades urbanas. 

A Himba Tribe é um exemplo dessas comunidades. São aproximadamente 50.000 pessoas (em um país de 2 milhões), semi-nomades que ocupam o norte da Namibia. 

No passado, os Himba viviam sob a lógica deles e eram donos de suas terras, eram o povo do lugar. Hoje, as famílias que sobreviveram ao extermínio de 1904 (comandado pelo general alemão von Trotha), estão "alojadas" em fazendas que são propriedades de descendentes de colonizadores do país. A Aids e o alcoolismo são as principais causas de mortes e de doenças, mas entre os impactos mais fortes, está o abandono de filhos por pais que vão para a cidade ou morrem. 

Mulher mais velha. Na ausência do chefe, ela é a maior autoridade.
Há uma abismo entre o cotidiano da vida de um Himba e o cotidiano da vida de um alemão no século 19. São  necessidades e valores diferentes, que tornaram a convivência conflituosa. Para um Himba, não há necessidade de banho (as mulheres NUNCA tomam banho de água, e sim com uma fumaça), para um Himba, a mulher trabalha pesado e o homem pode ter várias mulheres (alguma semelhança?), para um Himba o filho vai viver no clã do pai quando nasce e tanto o menino quando a menina são circuncisados para casar. 

Esta visita foi a única vez que me senti mal durante todo o trajeto Africa do Sul até o Zimbábue. Não gostei de como é ela é feita: é meio agressiva, é muita gente invadindo a casa deles ao mesmo tempo. As mulheres que estão ali foram abandonadas, trabalham pra caramba e ainda tem que receber turistas curiosos tirando fotos. Os guias são locais da tribo, que aprenderam inglês.
Elas passam 3 dias fazendo "apliques" nos cabelos e depois cobrem com uma lama que também reveste o corpo.
Pq ele faz essa línguinha? Pra ficar mais gostoso??
Vida que segue por lá
Crianças Himba tentando entender meu cabelo... é muita química meu filho!
EU nunca vi nada parecido com o tipo de vida que vi na Himba Tribe... nem em 4 horas de barco pra dentro da Amazônia. Acho que é pelo deserto, pelo total isolamento das áreas rurais do interior da Namibia, pela baixa densidade populacional do país... ou tudo junto. Não sei, ainda estou tentando entender...

A experiência vale muito, principalmente para entender mais sobre a história do país. Vale também como mais uma aula de teoria da relatividade, que insiste em nos mostrar como esse mundo é grande, complexo e cheio de nuances. Não existe só um modo de ser, de viver, de amar. 

PS: Também visitamos os Bush men e os Herero. Temas de próximos posts.

PS2: Estou um pouco confusa ainda. Há uma corrente que defende a idéia de que a mixagem de culturas sempre esteve presente na história do mundo, e que isso é um caminho normal da humanidade. Mas ver aquele tanto de crianças órfãs de pais que morreram de doenças que foram trazidas do meio externo, me faz sentir uma vontade de protegê-los de toda e qualquer interação. 

Saturday, 27 October 2012

Dicas para um Safari na Africa

Buscando na internet, as principais dicas sobre Safaris são dadas por americanos e europeus, sendo os últimos o maior grupo de turistas que visita a Africa. 

Por isso, aqui vão algumas dicas de uma brasileira para outros brasileiros, no bom e velho português mesmo.

Tempo: se você gosta muuuuuito de animais, reserve mais tempo em um parque (uns 3 dias no mínimo), pois nem sempre no primeiro dia você consegue ver um leopardo. Agora, se você, como eu, vê uma família de leões e já fica feliz, 2 dias em um parque já está ótimo. Cada período do dia é reservado a um game drive**, ou seja, você tem a manhã, a tarde e noite para "caçar". Ps: só alguns parques oferecem night drive.

Época: é fundamental verificar a melhor época para ir a um parque! Ninguém quer gastar uma grana, viajar horas e não ver nada. Na maioria dos parques a melhor época é de maio-set (no inverno africano) quando os animais se sentem mais à vontade para sair durante o dia para caçar, beber água. No verão, eles ficam quietinhos (pq está um baita calor) e saem mais à noite. 

Roupas: sim, uma pessoa deve levar aquelas roupas beges de Safari. Eu pensava que aquilo era uma coisa de turista americano, mas não é não! Tem um sentido: as roupas com cores verde-musgo, bege, caqui são as que mais se parecem com a vegetação e te camuflam. O ideal do safari é que o animal não se assuste com você. Isso se aplica, principalmente aos "bush walks"**, onde você vai a pé ao encontro deles. Nessas caminhadas o guia nem deixa você ir com outras cores, pelo bem da vida dele. Mas assim, CLARO que não precisa gastar uma fortuna naqueles coletes beges com 10 mil bolsos (isso é sim coisa de turista americano), pode ser uma roupa nossa normal, só que nessas cores. 

Roupas verdes/beges, normais!
Cuidados com a saúde: Leve repelentes, de pele e de ambiente. Em alguns países há risco sério de malária (transmitida por um mosquito) e ela pode levar à morte. Obs: os repelentes de lá são mais fortes! Também para evitar picadas, leve calças compridas (de tecidos leves, pelo calor) e blusas de manga comprida para a noite. Há remédios (antimaláricos)que podem ser tomados que não evitam a doença se você for picado, mas diminuem a intensidade dela. Esses remédios são vendidos livremente na Africa do Sul por exemplo, mas também podem ser tomados no Brasil. Existem vários tipos, mas a maioria deve ser tomada com 2 semanas de antecedência a ida! O governo brasileiro disponibiliza este guia para entender melhor os antimaláricos. 

Guias: ir acompanhado de um bom guia é TUDO! Ele saberá dar atenção a todos do grupo, com suas diferentes curiosidades - uns gostam mais de pássaros, outros só de elefantes. Ele saberá muita informação sobre a vida animal, o porquê de todas as coisas. Ás vezes, não dá para escolher o guia, mas se puder, busque indicação. 

Luckson, do Moremi Crossing. 
Livros: como geralmente os guias falam inglês (a não ser que você saia do Brasil em uma excursão), às vezes você pode não entender todo o vocabulário da vida animal. Por isso existem uns livrinhos, de capa mole, que são só as fotos dos animais e os nomes em inglês. Para você não ficar boiando... porque "lion" é fácil, agora "warthog" nem tanto...

Binóculos: ele é INDISPENSÁVEL. A vida se abre quando você vê através de um binóculos! Existem modelos mais "tchan" e outros mais simples. Um básico minimamente bom já está valendo. É muito importante levar, pois alguns animais e detalhes deles você só pega como binóculos. Como nós tínhamos só um, usávamos o zoom da máquina fotográfica também. É uma opção precária, mas funciona.

Bom, fora isso, mantenha os olhos e ouvidos abertos. O silencio no game drive é fundamental!

**Mais informações sobre Safaris? Vej aqui:
 O que é um Safari na Africa?

Friday, 26 October 2012

O que é um Safari na Africa?

Quando comecei a planejar nossa temporada na África, o que mais queria era conhecer era a cultura dos povos, um dos temas que mais me interessa. Nunca tive uma genuína vontade de fazer um Safari. Mas... pesquisando sobre formas de viagem, vi que poderíamos também aproveitar as belezas dos parques nacionais. Não me arrependo nem um pouco!!

Aqui vai uma explicação básica sobre os Safaris:
  • Um Safari é um passeio típico do continente africano, geralmente feito por terra, com o objetivo de ver, entender e fotografar animais. 
  • É feito em carros 4x4 apropriados para as estradas de terra dos parques, com cores que tentam disfarçar o automóvel no meio da vegetação.
Um topico 4x4 de Safari: guia vai na frente explicando
  • É muito comum em países que possuem uma natureza e estruturas propícias para isso, como: Namíbia, Zambia, Botswana, Kenya e Africa do Sul. Para a prática do Safari, esses países contam com dois tipos de reservas: os National Parks/Reserves e as Private Reserves. As segundas são particulares e algumas delas destinadas à caça de verdade de animais (atividade lícita em alguns países).
  • Os National Parks geralmente oferecem grande estrutura dentro, como lodges (hotéis/pousadas), camping areas, lojinhas e restaurantes. A maioria oferece mais de um tipo de acomodação (com vários preços), permitindo ali famílias em chalés, casais em lua de mel e mochileiros. 
  • Os parques oferecem 3 principais saídas de Safaris (nos horários que os bichos saem para comer, beber água, caçar): manhã (5:00, 6:00), tarde (depois que o sol cai um pouco, tipo 15:30, 16:00) e noite (lá para as 19:00). Cada Safari desses dura umas 3 horas e custa um valor fixo que depende do parque (em torno de uns U$ 60 - alguns parques são mais caros!). 
  • Há também a possibilidade muito mais econômica: você mesmo ir de carro pelas estradas buscando os animais (ou seguindo um 4x4 do parque!). Esses são os são os chamados self drive safaris. Mas nem todo parque permite isso! 
  • Sub-derivações do tradicional Safari são os Flying Tours/Safaris e os Walking Safaris, mas esses merecem tópicos exclusivos!
Alguns termos do vocabulário Safari:
  • Game drive: o termo game é usado para caça de animais. Logo, um game drive é um passeio de carro para caça-los (claro que sem matar, só ver!). Outro ex: Game Reserve (propriedade particular de caça).
  • Bush: tudo que for relacionado ao mato, à moita (bush walk/bush drive/bush men)
  • Bird watch: passeios só para olhar/entender os pássaros. São feitos com guias especializados.
  • Além de todos as palavras em inglês relacionadas a animais/natureza: pride, horn, grasslands, swamp..
Como existe Safari em várias regiões da Africa, veja neste post como começar a definir a sua região!

Etosha National Park: 5 motivos para ir!

Entre as várias opções para se viver a experiência de um Safari, há o Etosha National Park, na Namíbia.

No entanto, muito diferente de outros parques nacionais, como o Kruger (Africa do Sul) e o Chobe (Botswana), o Etosha oferece aos "humanos" um contato direto com a vida natural. Eu, particularmente, guardo um carinho especial pelo Etosha, pelos seguintes motivos:

1. O Etosha é GIGANTE e LONGE de TUDO! 
Com essa grande quantidade de terra livre, os animais vivem por lá como se os humanos não estivessem ali. No Etosha, você não vai a um "zoologico", você visita a casa deles, é diferente. Por isso, não há garantias que vc verá os BIG FIVE. Você só verá um leão se ele der o ar da graça na sua frente. Afinal, ele não está ali por você... é a casa dele.
Travessia dos Springboks: cena costante no Etosha
Debaixo do sol quente, o "waterhole" é onde a galera se encontra para se refrescar.
Eu não quero brincar! Me deixa em paz!
2. No Etosha há liberdade de transportes
Em outros parques como Chobe por exemplo, você TEM que fazer o "game drive" (passeio em busca dos animais) nos carros das empresas de Safari, e pagar por isso, claro.  Já no Etosha, você pode fazer o que eles chamam de "self-drive safari", respeitando algumas regras do parque. Isso torna o parque mais econômico e agradável, pois se você estiver hospedado em um dos lodges, pode levar o tempo que quiser nas estradas. 
4x4 e detalhe para o relógio: uma das regras é voltar para o lodge até o sunset
Livre circulação das leoas.
3. No Etosha você vê MUITOS animais, mas MUITOS! 
Isso se deve ao clima da região. Por ser muito seco (quase desértico) os animais precisam se concentrar nos chamados waterholes para beber um pouco d'agua e sobreviver. Além disso, como a reserva é bem natural, eles se reproduzem com certa liberdade e não há grandes problemas de superpopulação como no Chobe (onde a quantidade de Elefantes está ficando incontrolável).
Existem waterholes naturais e os construídos pelo parque para atrair os animais. 
4. A estrutura dos Lodges são ótimas! 
Nos hospedamos nos dois principais complexos: Okaukeujo e Halali.  Desde a opção camping até as acomodações de luxo, o Etosha oferecia uma infra estrutura muito boa! Estradas e caminhos sinalizados, limpo, cozinhas coletivas boas, quartos ótimos, um mini-mercado dentro e um centro de turismo. Para quem está por conta própria ou acampando isso faz muita diferença! 
Chalés do complexo Okaukeujo
Quarto do complexo Halali 
Mapa do parque: os principais lodges são Okaukeujo, Halali e Namutoni



5. O parque fica na Namibia!!! 
E isso te permite explorar outras regiões lindas, como o Deserto da Namíbia (Soussusvlei) , o litoral e as tribos Himba e Herero do norte do país. Sem falar no Okavango Delta que é em Botswana, mas que fica perto da fronteira com a Namibia. Além disso tudo, Namibia é um país estável, com boa infra-estrutra (vôos e estradas) e muitas opções de atividades para os turistas. 


Bom, dizem que os parques da Zambia e da Tanzânia são absurdamente bons também, mas no sul da Africa fica a dica: Etosha National Park. 

Thursday, 25 October 2012

Tuk-tuk: um transporte peculiar da India



Mais comum do que eu pensava, os Tuk-Tuks estão por todos os lugares! É uma forma de "taxi" que pode ser usado como meio coletivo também.

Nos Tuk-Tuks tudo pode: pode negociar preço, pode andar sozinho, pode deixar entrar mais gente, pode carregar 1, 2, 3, 4, 5 + o motorista, pode ir com compras, pode pedir pra dar uma paradinha pra vc ir no banco, enfim… vale quase tudo!
Detalhe para os pés: não há obrigação nem necessidade de chinelos. A buzina lateral dá um charme.
O tuc-tuc é aberto, não há vidros que te separam da rua. Os motoristas bebem coisas (que eu não consegui definir o que são), quase sempre estao em condições calamitosas e seguem a lei de transito da India… cada um por si e Deus por todos!

Uma das coisas mais curiosas dos Tuk-Tuk é que às vezes (leia-se: várias vezes) o motorista NÃO QUER te levar para seu destino. Como os carros são meio precários, muitas vezes o cara não se arrisca a ir a um lugar tão longe, mesmo a corrida sendo boa.    

     
Por falar em preço, vale lembrar: o valor da corrida deve ser acordado antes de subir! Como turistas, vamos ouvir sempre um preço exorbitante, mas ainda assim é MUITO barato! Fiz corridas de 40 minutos por uns R$ 10,00. Vale negociar, e eles não se assutam. Dizem que o justo são 10 rúpias por  km rodado. Ou seja, R$ 0,40 por km.

Uma dica super importante sobre o Tuk-Tuk: muitos motoristas não falam NADA de inglês. Para facilitar sua vida, vá com nome do local escrito + nome do bairro + mapa+ uma referencia perto. A comunicação indireta é uma peça chave na India!


De resto, vale a diversão de um transporte bem local, a um preço baratissimo que te deixa em conexão direta com o mundo lá fora!

Ps: eu adoro andar de tuc-tuc!!! Vou tentando conversar com os caras,  é como se tivesse um motorista particular e, sem o vidro, ainda possos tirar varias fotos legais! Mas há quem não goste… por ser tipo, um risco de vida. :-)

Eles levam nomes e dizeres pintados. Vidro?  Pra quê? A graça é o vento no rosto!
Um beijo, Lo

Wednesday, 24 October 2012

Regiões da África: escolhendo por onde começar


Fonte: www.informationisbeautiful.net/2010/the-true-size-of-africa/
Como a gente sabe, a África é gigante. Mas é taaão gigante que seu tamanho comportaria a India, a China, os EUA e vários países da Europa dentro! 

Isso significa que não há como generalizar a África... são 54 países, ecossistemas que vão do deserto a floresta tropical, MILHARES de línguas diferentes e distâncias absurdas. 

Por isso, na hora de viajar, vale a pena entender qual região da África vou enfocar?

Muito da nossa decisão pode ser basear na viabilidade. Alguns países são menos acessíveis e, por isso, também mais caros e mais trabalhosos de chegar.  Para entender melhor o continente vale dar uma olhada neste mapa:


Os países que formam essas regiões foram agrupados pois apresentam características físicas parecidas. Muitas vezes, os povos também possuem raízes em uma mesma origem étnica e forte história de relações entre eles.
Considerando o continente como um todo, algumas dicas podem facilitar sua escolha de região:

Alguns lugares são melhores em certas épocas:
  • O norte árido pode ser evitado no verão: o calor chega a 45 graus com ventos fortes e secos. 
  • As Savanas são melhores no inverno (mai a set), quando é mais frio e os animais caminham mais pra lá e pra cá.

Escolha da região com base no vôo:
  • Se vc está na Europa, os vôos para o Norte da Africa podem ser baratos. Espanha para Marrocos, pode sair por 100,00 euros ida e volta. E se for só Marraquesh, pode ser feita em 3 dias. Ou seja, pode ser a esticada de uma ida à Europa. 
  • Saindo do Brasil, A Tap e a South African Airways  tem vôos diretos para Johanesburgo que às vezes entram em promoção. De lá, saem várias companhias low cost Kulula e Mango e também as convencionais Air Namibia, Air Botswana, British Airways.
  • A ideia é buscar os lugares que tenham conexões diretas com o país que você quer visitar - geralmente o país colonizador tem a sua empresa que faz vôo direto. Ex: Air France - Costa do Marfin. Isso, geralmente, torna o vôo mais barato e menos cansativo. 
  • Se não for possível, tente chegar em algum lugar da Africa e de lá fazer as conexões através de uma cia local, tipo low cost. 

Orçamento:
  • Alguns lugares da Africa são simplesmente mais baratos que outros! Os países com maior infra estrutura de transporte tendem a ser mais baratos. Nos lugares com poucas opções, os serviços são absurdamente caros. No Zimbábwe, por exemplo, qualquer atração não sai por menos de 100 dólares! Isso sem falar nos hóteis, refeições...

A dificuldade da língua:
  • Visitar a Africa do Sul onde quase todo mundo fala inglês tende a ser mais fácil (para o viajante independente) que ir ao interior do Congo, colonizado pelos belgas e com umas dezenas de línguas locais. 
  • Isso não chega a ser uma barreira e, inclusive, forma um pouco da magia de viajar para esses lugares. Mas não é como ir a Alemanha, onde você pode não falar NADA de alemão mas se vira com setas, mapas, placas... 

Por último, claro.. vem a decisão pelo sonho.. sonho de conhecer um lugar, uma gente, uma cultura.